segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O preço de ser diferente.



Há um tempo a trás a diferença era algo que eu adorava, era divertido ter de explicar a cada um o porquê de o mundo ter cores diferentes para mim.

Nem me importava com a cara que a vendedora fazia quando eu questionava a cor da roupa que estava comprando.

Hoje perdeu toda a graça. Sabe porque?

Por que não sou considerado apto a dirigir nenhum veiculo.

Logo eu que tenho tanto amor a vida, que vivo lutando por ideais de um mundo melhor, sou considerado um risco constante no transito.

Eu josiel, que sempre pensei nos outros, em mim e em tudo a minha volta, que jamais confiei demais nas coisas que sei, que sempre relevei o que os outros tinham a me dizer.

Sou um risco constante.

Um risco contante de que, afinal? Não existe uma ordem universal das cores? Sim existe.

Mas e denoite? Denoite quando tu não ver as demais lâmpadas.

E se eu enxergasse as demais lâmpadas, com o mundo seguro do qual vivo, pararia num sinal e ficaria esperando ser o próximo a ser assaltado? Todos fazemos isso afinal.

O mais incrível é que as cores do sinal jamais confundi, em nenhum, dos incríveis testes dos quais fui submetido, afinal, não tenho um caso tão grave. Confundir um laranja que parece vermelho é um risco, um verde limão que parece amarelo outro grande risco.Um dia quem sabe mudem os sinais, né.

Sabe o mais incrível de tudo é ter de recorrer a grande estrutura que nos é oferecida, hoje levo uma hora e dez minutos do meu trabalho até minha faculdade, tenho que chegar todos os dias antes no meu trabalho para poder sair antes e chegar a tempo da aula. Se eu não fosse um risco poderia ir em 15 minutos. Claro iria em 15 minutos e perderia todo o calor humano oferecido por ônibus lotados sem falar do conforto de bancos de plástico que quando tenho sorte eu consigo um.

Claro isso é o preço que eu que sou um risco constante tenho que pagar. Vem nessas horas na minha mente os direitos iguais a todos. Penso nas obrigações do governo de oferecer a todos os mesmo direitos. Penso em sinaleiras apropriadas que permitiriam pessoas diferentes enxergarem do mesmo modo, penso que temos tanto dinheiro, que vai pro bolso de muitos políticos, penso que parte desse dinheiro que vai pro bolso deles é meu, afinal nessa hora não sou um risco constante.

Ao pensar que existem paises que não diferenciam as pessoas por tão pouco eu começo a cada dia sentir menos orgulho de ser brasileiro e querer cada vez mais me mandar daqui, um lugar que um dia eu amei e disse que era o melhor lugar do mundo.


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Este texto eu escrevi no primeiro dia dessa novela. Amanha é o último dia, seja o for pra ser.

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